terça-feira, 20 de maio de 2008

Apenas beijou-a

"Ele enlaçou-a de novo, trazendo-a para junto de si; repentinamente, ela se tornava pequenina ao aninhar-se em seus braços. A resistência desaparecera, infundindo-lhe uma paz maravilhosa. E ela se enternecia delicada e maravilhosa em seus braços, tomando-se infinitamente desejável. Mellors sentiu uma chama escaldante percorrer-lhe as veias, no desejo intenso e terno que sentia diante daquela maciez e beleza penetrantes que tinha nos braços. Com suavidade, numa brandura que se desfazia em puro desejo, sua mão acariciou a curva sedosa dos quadris, descendo pelas nádegas mornas e macias, aproximando-se cada vez mais perto do segredo que entre elas se aconchegava. Ela percebia nele a ternura e a chama do desejo e deixava-se consumir naquela chama. Entregou-se. Sentiu o pênis erguer-se de encontro a ela com surpreendente força e determinação e deixou-se ir. Num estremecimento semelhante à morte, cedeu, abrindo-se para ele. Ah! Se ele agora não a tratasse com ternura seria uma crueldade, pois ela estava totalmente entregue e indefesa.

Ela estremeceu novamente diante daquela penetração inexorável, estranha e terrível. Seria como a estocada mortal de uma espada dentro de seu corpo aberto e macio. Agarrou-se a ele, tomada de temor. Mas a penetração veio lentamente, com uma forca cheia de paz, como a carícia primeva que deu origem ao mundo. E o terror desfez-se em seu peito, e Connie entregou-se por completo, deixando-se levar pela corrente.

Ah, era tão maravilhoso! Com o refluir das ondas ela sentira todo aquele encanto. Agora todo o seu corpo agarrava-se com amor e ternura àquele homem desconhecido, e ao pênis que se retraía sem perceber, em sua frágil suavidade, depois da investida violenta de sua potência. Ao sentir que aquela coisa secreta e sensível deixava seu corpo, soltou um grito inconsciente e tentou retê-lo. Fora tão perfeito e dera-lhe tanto prazer!

Foi só então que se deu conta da reticência e suavidade daquele pequenino botão, e um gritinho de espanto e dor escapou-lhe dos lábios; era a reação de um coração de mulher diante da fragilidade suave de algo que fora potência.

- Foi tão maravilhoso! gemeu ela. - Foi tão maravilhoso! - Ele não disse nada, apenas beijou-a, ainda deitado sobre ela. E ela gemeu como que num estado de bem-aventurança, como objeto de um sacrifício, como algo recém-nascido."

Trecho do livro: "O amante de Lady Chatterley", D. H. Lawrence

Um comentário:

Ansiosa disse...

Intenso, tanto na imagem quanto nas palavras.