sexta-feira, 30 de maio de 2008

Se não fosse morrer deixar só o meu amor


Cansado de tudo invoco a paz da Morte,
Cansa-me o valor ver fadado a mendiga,

Que a oca nulidade em luxo refocila,
Que a pura lealdade é vilmente traída,
A virgínea virtude entregue à corrupção,
De modo vergonhoso as honras repartidas,

Sem razão difamada a própria perfeição,

Que o poder clanticante o mérito mutila,
Que pela autoridade é a arte emudecida,

Que a tolice se gaba a ao talento se impões,
Que a simples boa-fé de simplória é chamada
E ver que o bem cativo é do mal servidor,
Fatigado de tudo, em tudo deixaria,
Se não fosse o morrer deixar só o meu amor.


William Shakespeare

Um comentário:

Om Mani Padme Hum disse...

Adorei entrar aqui hoje e ouvir Enya! E ler Shakespeare! Me fez refletir tanto... sobre os meus passos até agora. Como é bom ter alguém pra não deixar só... A cada dia, eu me reconheço mais em mim mesma, não preciso mais dos personagens...