sexta-feira, 6 de junho de 2008

Mágico Veneno


Busque Amor nova artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Pois mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai que de esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o tenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.

Luís de Camões

Um comentário:

Ansiosa disse...

"Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê."

Sempre gostei especialmente desta parte. Tem tudo a ver com este momento da minha vida. É simples e profundo.